sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Bombo Legüero

Este instrumento, segundo o Art. 33 do Regulamento Artístico da Federação Tradicionalista Gaúcha do Planalto Central (FTG-PC) 1999/2001, tinha a sua utilização vedada, tal como a bateria, os instrumentos eletrônicos e pedais, por não serem considerados "característicos da nossa tradição".

Mas, historiadores afirmam que o bombo legüero faz parte da tradição gaúcha sim.



Nas áreas de cultura gaúcha no norte e noroeste da Argentina, ele é anotado por viajantes antes mesmo de 1827, como acompanhamento rítmico infaltável dos violões, nos bailes de campanha.

Não entraremos, por questões de espaço, na descrição do instrumento, suas formas de construção, materiais etc., mas, para aqueles que não conhecem, os bumbos estão classificados, pela altura de seu corpo, em dois tipos: o bombo chato e o bombo tubular (que é o que aqui nos interessa), o qual, por sua vez, pelo material com que é construído, se subdivide em outros dois: o bombo legüero, de tronco de árvore, mais antigo, e o bombo nativo, de madeira compensada, mais moderno.

É nos anos 60 na Argentina que o bombo legüero converte-se em instrumento infaltável entre os conjuntos nativistas daquele país. E é a partir daí que ele irá cruzar as fronteiras (que, mais do que separar os países irmãos, são laços de união da Pátria Gaúcha ou "Gauchería") e entrar no Uruguai e no Rio Grande do Sul, lugares que só conheciam os tambores e tamboriles negros.

No Rio Grande do Sul, no entanto, sua introdução é mais recente (data da década de 60), estimulada pelo Movimento Nativista, que teve o seu boom na década seguinte, com a Califórnia da Canção Nativa. Mas ele já está bem difundido e aceito - apesar dos protestos de castelhanófobos que se julgam os guardiões das "corretas coordenadas culturais" (como se estas existissem do jeito que eles as pensam) -, pois sempre há quem diga que esse bumbo torna a música mais bonita e que faltava um instrumento de percussão autenticamente crioulo para acompanhar o violão e o acordeão.

O musico que toca no Bombo legüeiro é chamado de Bombisto.

Só recentemente, quando de seu Congresso no início de 2002, a FTG-PC incluiu o instrumento entre os instrumentos permitidos, corrigindo, assim, ainda que tardiamente, um grave erro que os órgãos oficiais do MTG vinham perpetuando.


Veterano - Leopoldo Rassier